segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Janelada

A coisa mais desagradável que pode acontecer na relação entre passageiro e motorista é a tal da "janelada". Se você ainda não passou por isso é: porque não anda de ônibus, tem 11 anos e começou a andar de balaio sozinho agora ou a sua linha foi criada pelo arco-iris e é dirigido por um pônei fofinho.
Claroooooo que você vai me dizer que tem coisa pior que isso tipo briga, acidente, grosseria, mas a " janelada" me dá uma sensação de desamparo, de impotência...
Pra quem não é de BH, a "janelada" é quando você dá sinal pro motorista no ponto e ele não para. Mó saco!
Nesta segundona brava, fui pegar o 4150. O balaio já tava atrasado e o motorista teve o desplante de não parar, apesar da minha mini performance de gesticulação. Arrasada, quase me dei por vencida, quando a moça magrinha que também estava no ponto soltou o vozeirão: "moçooooooo", "tá cegoooo?".
Cara, o motorista parou na bora. Também, a garota arrasou no volume. Meu coração até parou de bater com o susto. Mas valeu demais.
O melhor é a cara do motorista, " he,he. Não vi", mas ouviu, né?

sábado, 31 de outubro de 2015

Semana difícil pra quem anda de balaio em BH

Esta semana começou com o aumento das passagens de ônibus autorizado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Pedro Bittencourt. Na maioria das linhas, o valor passou de R$ 3,10 para R$ 3,40. E neste domingo (31), o quadro de horários de 66 trajetos será reduzido. Que beleza...

Sobre o aumento, as empresas de ônibus alegam que estão tendo prejuízo, principalmente depois da implementação do Move que retirou várias de linhas de circulação e permitiu ao passageiro fazer mais de uma viagem com apenas um pagamento.

Na decisão do presidente do TJ, o prejuízo é justificado e vai ser melhor assim. Isso porque, segundo ele, o reajuste anual previsto para dezembro seria uma paulada beeem maior se este aumento não fosse permitido.

A Defensoria Pública vai tentar todos os recursos possíveis, mas, cá pra nós, a prefeitura não vai desistir deste aumento.

Ora, na minha humilde opinião, a prioridade no transporte público tem que ser o público. Mas a população é que tem arcado com os prejuízos das donas dos ônibus.
As prioridades estão meio confusas, não acham?

Sobre a redução do quadro de horários de 66 linhas, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) alegou que a mudança não afeta a circulação em horários de pico e que apenas 1% do total das viagens será retirado.

Bom, complicado incentivar o uso do transporte coletivo se você não puder voltar de ônibus depois daquela cervejinha com os amigos. Complicado também para quem (como eu) trabalha nos fins de semana e feriados. E se eu quiser pegar um cineminha da sessão das 22h e voltar de balaio? Melhor separar o dinheiro do táxi ou esperar chegar no Netflix.

Dá uma olhada na matéria do portal G1 para ver se alguma linha que você costuma pegar tá na lista. Tem pelo menos 12 trajetos aí que eu costumo frequentar.

Depois não reclama que a cidade um dia vai parar,
que há muitos carros na rua,
que o roubo de veículos aumentou,
que não tem lugar pra estacionar,
que tem muito flanelinha,
que tem muito radar,
que tem muita multa,
que o IPVA tá um absurdo,
que tem muita violência no trânsito,
que a qualidade do ar tá péssima.

Transporte coletivo é qualidade de vida.

Pra descontrair, dêem uma olhadela na figura abaixo que o Vinícios Castro mandou. Abraço.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ganhei um spray de pimenta

"Descolei um spray de pimenta pra você se defender no ônibus". Esta foi a mensagem de voz que recebi do meu cunhado, preocupado com algumas das histórias que vivi dentro do balaio.

Já fui assaltada duas vezes no ônibus e uma no ponto. Ainda teve aquela cusparada que levei e que contei aqui no blog.

O tal spray chegou às minhas mãos no fim de semana. A cartela diz que é a base de raízes vegetais, para dispersão de agressores, o jato alcança até três metros de distância e tem 20 disparos de meio segundo.

Entendo a preocupação do meu cunhado. Acho até que seria uma boa ideia. Mas o negócio é que não tenho coragem. Pegar o spray e jogar pimenta nos outros é mesmo refresco? Será que cheguei nesse limite?

Acho que corro o risco de jogar a pimenta na minha cara ou perder a "arma" pro malandro.

Ainda não levo na bolsa. Ainda não.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Levanta-te e anda


A Cris Reis mandou aqui pro blog o flagrante de Jesus agindo no metrô. Fica o exemplo também pro balaio. Galerinha faz carão e senta no lugar reservado pra idoso, grávida e deficiente.

Lembra do Lázaro, moçada: Levanta-te e anda.

Tá calor aí, fia?

Véio, tá quente à beça. Isso você já sabe. Tem gente que tem um pouco mais de sorte e descolou um carro com ar condicionado (descolar, lê-se comprar ou carona mesmo). Mas vai pegar ônibus com essa lua!!!!!

Sair de casa, de debaixo do ventilador, já é sofrido. O dia começa a ir pro buraco quando você tem que andar até o ponto de ônibus. Eu já tenho até kit pra isso. Filtro solar fator 60, garrafinha de água e até sombrinha. Tem que ter também aquele óculos escuros pra manter, pelo menos, o estilo.

Aí chega o balaio e, se você tiver sorte, vai chegar vazio. Caso contrário, aceita e corre pra perto de uma janela. 

Nesta terça-feira, temperatura encostou nos 34ºC (o que pra BH é bastante) e a umidade relativa do ar foi 18% (o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é acima dos 60%). Dei sorte de pegar um balaio tranquilo. Escolada, já sentei pertinho da janela, no lado que bate menos sol. Aí, a viagem foi seguindo e eu ali torcendo pra demorar bastante até que alguém sentasse do meu lado. Não é que eu seja antissocial, mas é que, no calor, as pessoas costumam "colar" umas nas outras. 

Estava feliz até chegar no Prado, metade da viagem. Foi aí que entra uma moça e resolve sentar do meu lado. Até aí, ok. Mas precisa se encostar tanto no meu braço? 34ºC, fia!!!

Ela e eu ainda estávamos de calça jeans! A mulher ficou encostando na minha perna, como se não tivesse espaço para que o mínimo de corrente de ar passasse entre nós. 

Pelo amor!!!

Me segurei pra falar com a moça, mas preferi me espremer ao máximo na janela. O problema é que ela estava quente também. Que inferno!

Mau humor define! Cheguei no meu ponto, desci e o suplício continuou. Até chegar no trampo, são uns 400 metros. Pra se ter uma ideia, me bronzeei nesse curto trajeto.

Só fui melhorar ao alcançar o ar condicionado. E essa semana promete... Vi aqui na previsão do tempo que a máxima pode chegar a 36ºC esta semana. Repensando em ir de biquini.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O motorista e o estresse

Todo mundo já deve ter xingado um motorista de ônibus pelo menos uma vez na vida, né? Quem nunca foi "janelado" (deixado pra trás no ponto)? Ou foi ofendido? Ou tratado como "bagagem" no sacolejo do balaio?

Muitos não respeitam a sinalização, Colocam a vida dos passageiros em risco e ainda dão aquela boa bagunçada no trânsito.

Mas, por outro lado, não é fácil ser motorista. Ficar horas no trânsito caótico, aguentar ameaça de gente que exige uma "carona", tolerar falta de educação, se virar em assalto. Não é à toa que muitos são afastados por estresse ou violência.

Uma vez, um motorista do 9250 abandonou o ônibus na Savassi porque tinha chegado ao limite (palavras dele). Os outros passageiros e eu demoramos uns bons cinco minutos pra entender que ele não voltaria mais. Foi muito louco.

O Ministério do Trabalho chegou a identificar seis milhões (!) de irregularidades em 40 empresas de ônibus de Belo Horizonte. A maior parte relacionada a falta de descanso semanal e desrespeito aos intervalos entre jornadas.

Veja aqui na matéria da TV Globo Minas.

Não custa nada a gente ser gentil, né? Quem sabe assim você não desamarra a cara do motô que você reclama tanto. #ficaadica

Ônibus: inspiração de poetas



As coisas lindas que a internet traz pra gente!










E estas Verdades Secretas maravilhosas do Buzzfeed????

http://www.buzzfeed.com/gasparjose/no-onibus-que-o-poeta-brasileiro-se-expressa#.suwjqNx46


Lindeza que encontrei na janela do 4150. "Não quero dinheiro, eu só quero amar". (pode chamar de vandalismo, mas é fofo)



Outra fofura linda que encontrei no balaio.



Se você já esbarrou com alguma coisa assim, seja no ônibus ou na internet, manda pra cá!

PS: Contribuições valiosas de Cíntia Paes e Cristiano Resende.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Não são só 30 centavos

E as passagens voltaram a custar R$ 3,10. A Justiça, pela segunda vez, suspendeu o reajuste da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A primeira (vocês se lembram?) foi no dia da publicação no Dom, no fim de julho.

Beleza, bacana, legal. A parada não tá definida porque a PBH ainda pode recorrer.

Mas o buraco é mais embaixo. Apesar de todos esses relatórios divulgados pela BHTrans, que ela teima em dizer que explicam o motivo do aumento, não convenceram nem a população, nem a Justiça.

Pô, abre a caixa preta aí! Medo é de ser caixa de Pandora, fio.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Áries!

"Marilene! Qual que é o seu signo?", gritou a mocinha que se esparramada nas cadeiras da frente, pertinho do trocador.

"Áries! Mas o dia já tá 'cabando, fia!", respondeu Marilene.

"Mas ainda não 'acabou. Escuta: 'dia de reflexão. Não tome nenhuma atitude precipitada".

" Xi, agora é tarde", se lamentou Marilene.
Papo exotérico no meio do sacolejo.

Vida Loka, fio.
PS: fiquei enjoada ao escrever no balaio. Ônibus é para os fortes.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Moovit é uma boa?



Ando de ônibus o tempo todo, mas só agora fiquei sabendo do tal aplicativo Moovit. Acabei de baixá-lo. Negócio é o seguinte, ele é tipo o Waze do transporte público. Nascido em Israel, já funciona em 28 cidades brasileiras, uma delas é Belo Horizonte.

Ele indica trajetos e linhas, assim como o site da BHTrans, mas o diferencial é que o app estima a chegada do ônibus. É como se você tivesse um painel daqueles dos pontos na palma da mão. Ele ainda possui integração com o Easy Taxi. 

Vou começar a usar nesta semana e conto pra vocês o que achei. Alguém de vocês já usa? Me contem tudo!

Segue o link pra baixar no Android. Pra ter no iPhone o caminho é esse aqui.

Que saudade do A-ha

Aquele momento em que o motorista do ônibus erra o caminho, insiste no erro e entra na contramão, horrorizando pessoas de um boteco da Região Nordeste de BH que escutavam A-ha e comiam espetinho. 

Vida loka, moleque!

PS: morri de vontade de comer um espetinho ao som do A-ha. "Take on me", baby.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O dia em que um cara cuspiu em mim

Eu tenho cá meus defeitos. Sou sarcástica, irônica, impaciente, impulsiva. Mas me considero uma pessoa legal, gente boa.

Dito isso, saibam que dia desses um sujeito cuspiu na minha cara enquanto eu estava sentada em um dos bancos do ônibus que me leva pro trampo  Por quê? Me pergunto até hoje.

Bom, o negócio é que esse cara entrou no balaio com o filho pequeno em um dos pontos da Avenida Barão Homem de Melo.

Eu estava perto da janela. Tinha banco com dois lugares disponíveis, mas ele preferiu se sentar ao meu lado. O garoto ficou na ponta de outro assento, mas perto do pai, do outro lado do corredor.

A viagem seguia normalmente quando pai e filho resolveram brincar com os apoios de braço. Fazia muito barulho e o banco tremia todo, o que atrapalhava muito a minha lombar (hérnia de disco).

Aguentei uns bons 20 minutos até que disse:
- Licença, moço. Será que o seu filho trocaria de lugar comigo? Assim vocês ficariam mais à vontade.
- Tô te incomodando? - respondeu.
- Um pouco - disse eu.

Foi aí que o cara pirou. Disse que o filho era dele e que tinha direito de fazer o que quisesse no ônibus. Me chamou de vagabunda (!) e tudo.

"Vai cuidar da sua vida, vagabunda!". Essa frase ainda ecoa na  minha cabeça, quando me distraio. Aparece de repente, intrusa. Na hora fiquei em choque. Quis sumir naquele banco. Não consegui me mexer. Teimava, ali sentada, a encontrar uma resposta à altura. Colava minha testa na janela, morta de vergonha e coberta de humilhação.

Longos cinco minutos depois, o sujeito deu sinal e saiu com o filho. "Graças a Deus", pensei. Mas foi aí que aconteceu: o ônibus parou no semáforo. Da calçada, o tal homem se aproximou da minha janela e disse, "sua desgraçada! Se eu te ver de novo, te meto a mão na cara!". Aí, encheu a boca e cuspiu no meu rosto, no lado esquerdo.

"Isso não tá acontecendo", eu repetia pra mim mesma até chegar o momento de saltar. Acho que ninguém viu. Se viu, não fez nada. Não sei se eu faria se visse algo assim. A gente tem medo. O tempo todo. Ainda mais nós, mulheres.

Evitei pegar ônibus naquele horário temendo esbarrar com o sujeito mais uma vez. Bom, meses se passaram e nem sinal dele. Aliás, não tenho certeza. O tempo foi bom pra me fazer esquecer do rosto do cara.

As pessoas são loucas. Muitas estão afastadas do amor e da educação. Eu odiei esse cara. Odiei mesmo!!! Mas logo me despedi desse sentimento. Ele deu lugar ao medo. Depois veio a indiferença. Agora, pena. Que sujeito infeliz.

Mas dó mesmo fiquei do filho dele. Tão novinho, experimentando a atitude daquele homem, o desamor e o desrespeito, legitimando tudo pela autoridade paterna. De mochila de "Carros" nas costas, uniforme passado e tênis branquinho. Ficou segurando a mão do pai enquanto ele me cuspia. Naquele momento, amei aquele menino.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Quem nunca?

Saca só esse vídeo do Parafernalha! Quem nunca cruzou com uma figura dessas?
Quem sabe já não encarnamos estes personagens uma vez na vida?
Dica da Cristina Reis!


PS: mande pra cá sua colaboração também! thaispmlemos@gmail.com

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Aquele momento em que se sai do ônibus e vê a porta da garagem se fechando. Rá!


Tem coisa boa aí, moçada

Ficar presa no balaio na hora do rush te dá tempo pra observar melhor o que acontece ao nosso redor. 

  • Duas coisas me deixaram esperançosa: muita gente com livro em punho e três pessoas na rua ajudaram prontamente uma senhora que acabara de cair. 
Mais amor.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Faça como Neo e seja gentil na Matrix

Alô você que fica sentadinho na cadeira preferencial e não está grávido, não é velhinho e nem tem problema de locomoção.

Finge que tá cochilando ou tem a cara de pau de não demonstrar qualquer desconforto quando alguém que precisa (e tem direito) é obrigado a ficar em pé perto de você.

Dá só uma olhada no vídeo abaixo e dê uma espiadela no que o Keanu Reeves, ator e gato (sim, ele também é um entusiasta do transporte coletivo), fez.

Gentileza é amor.

PS: se você não é famoso (e nem tão gato), mas ainda tem educação, demonstrar atitudes como estas te deixam um tesão de lindo. #ficaadica.


Divagações sobre o excesso de aconchego no ônibus

Porque as pessoas insistem em sentar do meu lado no ônibus quando tem um moooooonte de cadeira vazia? E olha que muitas são mais espaçosas, ficam no "alto", perto da janela...
É carência? Tô gatinha?

Você não é brasileiro?

Descendo pela Avenida Lindolfo de Azevedo, no bairro Jardim América, Região Oeste de BH, um impasse: uma kombi que vinha no sentido contrário ao do balaio se recusava a dar ré (rua estreita, sabe como é).
Motorista esperou o rapaz se tocar e nada. Ficamos parados por uns bons 10 minutos até que o grandalhão que estava na frente pediu pra falar com o motorista da kombi. 
"Cadê sua cidadania, rapaz? Você não é brasileiro?". Funcionou.
Quero crer que foi mais por uma crise de consciência do que pelo físico avantajado do passageiro